02 setembro 2011

Conforto Sempre

O Texto a seguir eu fiz logo após o falecimento da Isabela, minha filha caçula. Demorei a voltar a escrever, mas quero compartilhar com todos.

Quantos de nos já sofreram alguma dor? Na alma, no corpo, nos sentimentos, no espírito? É uma das sensações mais angustiantes do ser humano. Parece que nunca mais vai acabar. É frustrante, é incapacitante. Quase embaça a nossa visão do mundo que nos cerca, tornando difícil enxergar a mão de Deus em nossas vidas.
Por que falar de dor? Quero compartilhar com vocês algo que passei no mês de Fevereiro deste ano, pois compartilhar permite primeiro desabafar, segundo demonstrar para outros que somos humanos, com todas as vicissitudes pertinentes ao homem.
Minha esposa estava grávida de nossa terceira filha. Isso trouxe uma enorme alegria em nossa casa, permitindo a redescoberta de, mesmo tendo duas filhas, sempre existe espaço para mais uma. Ter uma nova criança em casa me preparou para encontrar animo, sonhos, disposição para uma nova criança, com choro, fraldas, noites mal dormidas, mas uma alegria indescritível.
No final de Janeiro descobrimos que existia um problema cardíaco com a Isabela, descoberto na faze uterina. Aceleramos então a data do parto e Isabela nasceu dia 14 de Fevereiro, indo direto pra UTI Neo natal. Foram 10 dias de muita luta, mas aprouve ao Senhor levar a Isabela no dia 24 de Fevereiro. Os dias seguintes foram, pra mim, a pior dor já sentida. A perda de um filho é algo avassalador no coração, na mente, na alma de qualquer pessoa. E nós como crentes não sofremos de forma diferente do que qualquer pessoa.
Muitas perguntas foram feitas em minha mente após o ocorrido. E até hoje ainda doi muito. Mas e agora? Será que Deus não houve as nossas orações? Será que a vontade soberana de Deus, tão clara para nós, não poderia atender o desejo do meu coração? Não existem milagres hoje?
Todas estas frases se expressaram na minha mente. Como ocorre com qualquer pessoa. E agora?
São nesses momentos que temos de falar com Deus o que se passa em nosso coração. Dizer para Deus que queremos a cura não é pecado, nem uma visão destoada de nossa fé. O grande desafio e por em prática tudo que aprendemos. Trazer para a nossa realidade que a vontade de Deus é sempre a melhor. É muito difícil, mas é um dos melhores exercícios para a nossa fé.
Sei que a minha filha está com o Senhor, o que é infinitamente melhor. Sei que o projeto de Deus é melhor pra nós, e que nos traz edificação, crescimento e maturidade. E sei que a maior fonte de conforto foi a palavra de Deus. Sua infalibilidade, sua coerência, sua luz, sua verdade me levam a crer com toda a convicção que Deus é consolo, conforto, e nele tenho esperança.